30 de novembro de 2017

Após ser empurrada por namorado, mulher subiu penhasco com perna quebrada para pedir ajuda

A mulher de 51 anos que foi empurrada de um penhasco pelo namorado na Estrada da Graciosa disse que tirou forças de onde podia para sobreviver. Após a queda, de cerca de 5 metros de altura, ela se fingiu de morta por pelo menos 30 minutos, até notar que o homem havia ido embora. O rapaz teria tentado matar a parceira depois que ela descobriu que ele era casado.

O caso aconteceu em junho deste ano, mas a vítima esperou se recuperar dos ferimentos para levá-lo à polícia. Na ocasião, a mulher tinha sido convidada pelo companheiro, de 41 anos, a fazer um passeio na Estrada da Graciosa, para tirar fotos. “Eu aceitei a oferta e nós fomos. Era noite, nós tiramos algumas fotografias e, então, ele pediu para eu sentar em uma ponte, porque queria fazer um retrato meu, para guardar de lembrança. Foi o que eu fiz. Nisso, ele chegou perto para me ajeitar, porque eu estaria na posição errada, e simplesmente me empurrou”, contou a vítima em entrevista à Banda B na tarde desta quarta-feira (29).

Diferente do que o homem esperava, a companheira sobreviveu à queda. A partir desse momento, ela fez tudo o que podia para sair viva da situação. “Eu sentia muita dor e fiquei uns 30 minutos parada lá embaixo, enquanto ele iluminava o local com a lanterna do celular, para checar se eu me mexia. Depois que percebi que não havia mais luz, disse para mim mesma que precisava subir o penhasco”, completou.

Mesmo com a perna direita quebrada e com uma fratura na coluna, a mulher reuniu todas as forças que tinha para escalar o barranco. “Eu não estava conseguindo no começo, mas decidi fazer buracos na terra para apoiar as mãos e poder subir. Não sei como fiz tudo isso, acho que Deus me deu força nessa hora”.

Depois de chegar no topo, a vítima ainda precisou caminhar pela beira da estrada para pedir ajuda. “Eu andei por umas duas horas até achar uma casa. Eu ia e arrumava a perna, ia e arrumava a perna, com muita dor… Graças a Deus eu encontrei um comércio ali e os donos chamaram os guardas, que me encaminharam ao hospital”, comentou ela.

Diante da dor e desconforto, a mulher decidiu ficar em casa para se recuperar dos ferimentos antes de contar o caso para a polícia. “A única coisa que eu quero é que ele pague pelo que fez. Eu tenho bastante medo dele, medo que ele mande outras pessoas para me fazer mal… Agora eu estou amparada pela mão de Deus”.

Motivação

Moradora de Curitiba e mãe de seis filhos, a mulher se relacionou com o companheiro por cerca de um ano. Tudo estava bem até ela descobrir que ele era casado, por meio de uma mensagem no celular que a esposa mandou para o marido. “Eu vi aquilo e decidi confrontá-lo. Ele confessou que era casado e eu disse que contaria tudo para a mulher dele. Muitas vezes eu falei que terminaria o relacionamento, mas ele ficava atrás de mim e, como eu o amava, continuei o namoro. Em determinados momentos, ele chegou a me bater, me dar soco na cabeça, nos braços… Pensei em denunciá-lo, mas fiquei com muito medo que algo acontecesse comigo”.

Investigações

O homem foi preso nesta semana e encaminhado à delegacia de Quatro Barras, responsável por investigar o caso. De acordo com o delegado Luiz Carlos de Oliveira, ele não esboçou nenhuma reação ao ser abordado.

“Quando nós mostramos o mandado de prisão, ele já estava ciente do motivo. O suspeito chegou a contar algumas histórias, mas não negou o crime. Tudo indica que ele inclusive premeditou toda a ação e que já esteve no local anteriormente”, explicou o delegado.

Segundo ele, a vítima ficou internada no Hospital Angelina Caron e, muito tempo após o crime, resolveu procurar a polícia. “Nós ficamos surpresos com esse lapso temporal. Mas a vítima nos contou tudo em detalhes… Que ele pegou no ombro dela depois de pedir que ela sentasse na ponte para tirar a foto, e a jogou do penhasco. Depois, ele iluminou o local com a lanterna do celular umas três vezes para ver se ela fazia algum gesto, e foi embora, achando que a mulher estava morta”.

A Justiça decretou a prisão preventiva do suspeito que, se condenado, pode pegar até 20 anos de prisão por tentativa de feminicídio.(bandaB)



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