9 de janeiro de 2017

'A dor vai ficar', diz sobrevivente de chacina com 12 mortos em Campinas

"Hoje, a dor é presente de todos os lados". A afirmação, em tom de desalento, é de Admilson de Moura, um dos sobreviventes da chacina que deixou 12 mortos durante uma confraternização familiar na noite de réveillon, em Campinas (SP). Neste domingo (8), amigos e parentes das vítimas lotaram a Paróquia Santa Edwiges, no Jardim Aurélia, durante a missa de sétimo dia.

Entre a noite de 31 de dezembro e a madrugada de 1º de janeiro, Sidnei Ramis de Araújo pulou o muro de uma casa na Vila Proost de Souza, assassinou a ex-mulher, Isamara Filier, de 41 anos, o filho de 8, outras dez pessoas e se matou na sequência. Confira o que se sabe sobre o crime.
Moura foi baleado por Araújo quando estava na garagem da residência. Internado no Hospital Celso Pierro, ele gravou um depoimento para o Fantástico sobre as lembranças da tragédia.

"Ele já chegou dando tiro em todo mundo, não dando chance pra defesa de ninguém. Depois entrou pra dentro da casa dando tiro nas mulheres [...] Eu apaguei por alguns segundos e acordei ouvindo barulho de tiro, muito tiro... Cheiro de pólvora para todo lado", explica.
A mulher de Moura está entre as vítimas, enquanto o filho, segundo ele, escapou por pouco do atirador. "Ele [Araújo] se matou e não tem quem cobrar, a dor vai ficar com a família... Vai ficar com a gente, não tem muito o que fazer não", lamenta.

Segundo o hospital, Moura tem quadro estável. Veja no vídeo acima como agiu o atirador.

Tiros e fogos
Outro sobrevivente da chacina, que preferiu não ser identificado pela reportagem, contou que, quem estava na casa, confundiu os sons dos tiros com os fogos de artifício. "Tava todo mundo reunido, feliz, se preparando pra passagem do ano. A princípio, todo mundo achou que eram fogos."

Ele conseguiu se esconder do atirador e lembra que Araújo também tentou invadir o banheiro onde dois adolescentes se abrigaram durante a série de assassinatos. "Tentou mais de uma vez, ficou lá bastante tempo tentando arrombar a porta", conta a testemunha.

Disputa judicial
Sobre a disputa judicial entre Araújo e Isamara pela guarda do filho João Victor, de 8 anos, o sobrevivente afirma que a mulher não impedia o ex-marido de estar com o menino.

"A Isamara nunca proibiu ele de ver o filho. Ele tinha contato por telefone e pessoalmente e ela nunca cessou o contato com ele", ressalta. Além disso, diz que a família não se envolvia nos problemas do ex-casal. "Os outros que ele [Araújo] matou, muitos não viam ele há muito tempo."(G1)

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